Sobre o São Bernardo
Os São Bernardos têm o seu próprio museu na Suíça, perto do
hospício no passo do Grande São Bernardo, onde um cão, Barry
(1800-1814), terá salvado 40 vidas.
São gigantes amigáveis de uma disposição geralmente calma, mas
sem falta de energia, apesar da sua imponente estatura. Há mais
de um século que são a raça de montanha mais conhecida e mais
popular.
Existem duas variedades: o de pelo curto tem uma pelagem
densa, macia e curta, enquanto o de pelo comprido tem uma camada
superior lisa e de comprimento médio, também com um subpelo
abundante.
Categoria de porte: Gigante/Muito grande
Esperança média de vida: 8–10 anos
Amigável/Calmo/Vivo/Alerta
Informações chave
• São ótimos cães de guarda
• Requer cuidados moderados de limpeza
• Requer espaço exterior
A origem
Certos historiadores pensam que a pátria de origem dos São
Bernardos é a Ásia. Foram encontrados desenhos na Haute-Assyrie
com mais de trinta séculos que representavam cães muito
parecidos com o São Bernardo de pelo curto atual.
As guerras e o comércio trouxeram os melhores espécimes desses
animais para a Grécia, depois para Roma e finalmente até nós.
Pela Idade Média
Os cães São Bernardo que eram utilizados como cães de guarda
desenvolveram-se principalmente nos cantões de Valais, de Vaud e
no Oberland Bernês, regiões essas onde o clima lhes era
favorável e era parecido com o da terra natal.
Durante séculos encontram-se poucos rastos desses cães. No
entanto, cerca de 1350, vê-se uma bela cabeça representada nos
brasões de certas famílias nobres.
Ao Grand-Saint-Bernard
O Hospício do Grand-Saint-Bernard foi fundado por
Bernardo de Menthon cerca de 1045-1050, mas só cerca de
1660-1670 é que os cães apareceram no hospício, oferecidos
provavelmente por famílias valaisianas ou vaudêsas. É, portanto,
um anacronismo representar o nosso patrono, Santo Bernardo, com
um dos nossos cães atuais.
Foi em 1695 que os cães apareceram pela primeira vez numa
pintura que representava o Hospício. A primeira menção escrita
da existência dos cães no hospício data de 1708 pelo prior
Ballalu: “Em 1700, o canónico Camos mandou construir uma roda na
qual se mete um cão para fazer girar o espeto…”.
Nessa época, não era raro ver, no verão, 400 pessoas no
Hospício; também se servia de comer e de beber a qualquer hora
do dia. A carne era o alimento principal; sendo grelhada no
espeto, levava muito tempo. Assim um “clavendier”, – o
economista da casa, preocupado talvez em aliviar ou em
economizar o pessoal, imaginou aproveitar os cães como ajudantes
de cozinha.
Em 1731, peles de cão encontram-se nos vestiários, talvez como
tapetes de cama.
Em 1735, uma nota para a reparação de uma coleira de cão é
introduzida nas contas de Prior. Na sua obra intitulada “Viagem
nos XIII cantões suíços”, F. Robert cita a seguinte anedota:
“Em 1787, 30 bandidos aproveitaram a hospitalidade. Antes de
partir, exigiram o cofre. O prior tentou dissuadi-los, mas
perante tanta obstinação, levou-os até aos cães: a simples
presença dos animais teve mais influência que o Prior e fugiram
imediatamente”.
Do Hospício saíram vários cães para o mundo inteiro levados por
viajantes de passagem que admiraram os seus aspetos.
Em 26 de junho de 1800, o General Berthier que lá passou com o
exército de Bonaparte, convida o Prior a “entregar ao seu
ajudante de campo o cão prometido de raça são bernardo.
Em 1822, o Grão-duque de Toscania, Leopoldo, agradece o envio de
um cão.
Em 26 de junho de 1826, o rei da Prússia agradece ao Hospício o
envio de um casal desses cães.
Como amadores, encontramos em 1850, o duque de Gênes e em 1857,
o príncipe de Gales.
Salvador da raça
Em meados do século XIX, a criação do Hospício sofre uma grave
crise devido a uma consanguinidade muito grande.
Em 1855, foram feitos cruzamentos com os Terranova, de pelo
comprido, porque se pareciam mais com os São Bernardo, pela sua
inteligência e sua força.
O objetivo desejado foi atingido sem estragos para a raça. Pelo
contrário os cães ficaram mais fortes e mais resistentes. Um
novo vigor era dado ao canil do Grand-Saint-Bernard.
No entanto, nos vales, uma criação pouco coerente continuava com
cruzamentos diversos. Foi então que um bernês, Henri Schumacher
(1831-1903) iniciou a primeira criação de São Bernardos de raça
pura, fora do Hospício. Desde 1860, Schumacher podia expor em
Inglaterra e na Rússia o produto do seu canil. Em 1867, expôs em
Paris e obteve do Prior Roh o certificado que confirmava que os
seus cães eram originais do Grand-Saint-Bernard. Desde aí,
continuou a melhorar a raça e fundou em 1884 o Clube Suíço do
Cão de São Bernardo, tendo o Hospício beneficiado do seu
excelente trabalho.
Pelos compridos ou pelos curtos
Frédéric de Tuschi afirmou em 1858 que os São Bernardos são de
pelo comprido, mas o seu tradutor em língua francesa, O.
Bourrit, de Geneve regista o seu espanto e acrescenta: -” Não é
a primeira vez que vejo atribuir o pelo comprido ao São
Bernardo. São representados assim na maior parte das gravuras.
No entanto, há mais de trinta anos que tomei conhecimento desses
animais no próprio Hospício ou nos vários locais onde os
religiosos os deram, por exemplo em Saint-Rhémy, em Martigny e
no vale, sempre os vi com pelo curto e de uma cor bastante
uniforme, fulvo claro, mais raramente com manchas de branco ou
de cinzento”. (Le Monde des Alpes.)
Em 1858, o Prior do Hospício, M. Darbellay, declara: “Que me
lembre, sempre vi os nossos cães com o pelo curto, manto fulvo
claro, branco e vermelho ou cinzento-escuro, ou seja, com
variações frequentes”. Aparentemente, os São Bernardos de pelo
comprido foram eliminados gradualmente após os cruzamentos com
os Terranova, porque a neve agarrava-se ao pelo, tornando-os
mais frágeis e impedia-os de trabalhar.
Os Clubes
Em 1815, os ingleses adquiriram no Hospício um cão e uma cadela,
levando depois, mais alguns belos exemplares durante as suas
inúmeras viagens.
Foi na exposição de Burmingham, em 1862, que os cães designados
com o nome de Mastiff, cães-Barry, Heilige Hunde, passaram a ser
oficialmente chamados, pela primeira vez, de São Bernardos.
Essa denominação foi universalmente reconhecida em 1880.
Desde 1863, o renome desses cães cresce; os Ingleses tentaram
multiplicá-los e obter espécimes sempre maiores, tendo criado o
seu primeiro Clube em 1882. O primeiro Clube Suíço foi criado em
1884.
Hoje, o São Bernardo está espalhado pelo mundo inteiro e os
clubes nacionais multiplicaram-se.